Para marcar o Dia Mundial da Saúde, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) lançou no dia 8 de abril de 2015 um posicionamento a respeito do uso de agrotóxicos e os riscos dessas substâncias para a saúde do agricultor e de todos os consumidores. O documento é importante porque, desde 2008, o Brasil é campeão mundial de consumo de agrotóxicos.
A liberação do uso de sementes transgênicas foi uma das ações responsáveis por colocar o País no primeiro lugar do ranking: o cultivo de sementes geneticamente modificadas exige o uso de grandes quantidades de veneno. Por isso, o Instituto lançou o documento técnico Posicionamento público do INCA a respeito do uso de agrotóxicos.
O documento ressalta os riscos dos agrotóxicos para a saúde, em especial por sua associação com o desenvolvimento do câncer. O objetivo é fortalecer iniciativas de regulação e controle dessas substâncias que promovam a redução progressiva e sustentada do uso de agrotóxicos e a substituição do modelo agrícola dominante pela produção de base agroecológica.
A discussão está alinhada com diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS), que escolheu para o Dia Mundial da Saúde deste ano o tema “Aprimoramento da segurança alimentar, da fazenda ao prato”. O debate contará com a presença de autoridades e militantes da boa alimentação para mostrar que há opções viáveis para o consumo de alimentos saudáveis.
Confira alguns dados alarmantes:
• A venda de agrotóxicos saltou de US$ 2 bilhões em 2001 para mais de US$ 8,5 bilhões em 2011 no Brasil;
• Desde 2008, o país é o maior consumidor mundial dessas substâncias;
• Consumo médio de um milhão de toneladas por ano, o equivalente a 5,2 kg de veneno por habitante (a média dos EUA é de 1,8 kg por habitante);
• Na última década, o mercado de agrotóxicos no Brasil cresceu 190% (a média mundial foi de 93%).
Os principais responsáveis por este aumento são os transgênicos, que requerem grandes quantidades de pesticidas, principalmente as lavouras de soja, cana-de-açúcar, milho, entre outras. O objetivo não é a redução do consumo de frutas e vegetais, mas pressionar governos e entidades a aumentar a regulação e o controle, além de incentivar alternativas mais sustentáveis.
O INCA apoia a produção de base agroecológica em acordo com a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica. Este modelo otimiza a integração entre capacidade produtiva, uso e conservação da biodiversidade e dos demais recursos naturais essenciais à vida. Além de ser uma alternativa para a produção de alimentos livres de agrotóxicos, tem como base o equilíbrio ecológico, a eficiência econômica e a justiça social, fortalecendo agricultores e protegendo o meio ambiente e a sociedade.
Fonte: www.inca.gov.br